Collaboration Americas

Coletivo de estudantes de pós-graduação e recém doutores em Narrativas de Vida
Colaboração – Uma mesa-redonda do SNS
IABA Américas May 15-17, 2017
Nossa mesa redonda de Colaboração terá lugar em 16 de maio de 2017 (17h-18h) em "Lives Outside the Lines: Gender and Genre in the Americas A Symposium in Honour of Marlene Kadar" (Universidade de York, Toronto)

Os Participantes: Ally Day, Diana Meredith, Laura García de la Noceda Vazquez, Ricia Anne Chansky, Linda Warley, and Teresa Lenzi e Cláudia Mariza Mattos Brandão

Panel moderator: Orly Lael Netzer
RESUMOS
Ally Day 
Teorizando em colaboração — Novos rumos na Pesquisa da Prática de Narrativas de Vida Feminista 
Em 2013, como parte de minha pesquisa de doutorado, comecei a promover um grupo de leitura para mulheres vivendo com HIV, questionando como as mulheres teorizam temas como incapacidade, cidadania e ética médica relacionada às suas próprias experiências com doenças crônicas e estigmatizantes nos Estados Unidos. Em 2015, iniciei a segunda fase do projeto, promovendo um grupo de leitura similar com profissionais que trabalham com AIDS. O que eu descobri, o contraste da recepção de leitura desses dois grupos, juntamente com a pesquisa de campo conduzida na Oficina de Narrativa Médica, da Universidade de Columbia, em 2015, figura como assunto do meu primeiro livro; Estigmatizando Narrativas examina como as histórias que contamos sobre nós moldam a qualidade do cuidado de nossa saúde. Em minha participação nessa mesa-redonda, gostaria de compartilhar um pouco o processo dessa prática de pesquisa em três fases e como ele abre espaço para uma prática de pesquisa feminista que é transformadora e colaborativa para e além da narrativa de vida. 

Diana Meredith 
Os arquivos do câncer: Personificação nas Cartas e na Arte Visual, questiona como a investigação narrativa e as representações visuais do câncer podem preencher criticamente a lacuna entre propriedade da doença por parte dos estabelecimentos médicos e as experiências pessoais de personificação. Colaboração está no cerne desse trabalho, tanto como uma abordagem multimodal da narrativa da doença que colabora inevitavelmente com o pessoal médico envolvido quanto os gêneros de audiências. A correspondência e a arte visual implicam em uma audiência. O surgimento do e-mail se dirige para além da audiência singular, na direção de uma audiência mais ampla cujas respostas influenciaram o rumo das correspondências. As reações de enfermeiras e médicos diante de uma arte visual sobre o câncer igualmente moldou o diálogo na medida em que nossas duas esferas de experiência interagiram. Essa arte ativista, tanto visual quanto epistolar, trazida de volta do que Sontag chamou de “reino do doente”, esclarece como a vida com uma doença fatal se intercepta com o envelhecimento. 

Laura García de la Noceda Vazquez 
Construir em colaboração um livro didático suplementar 
Como resultado de meu projeto de tese, eu trabalharei no projeto de construção em colaboração de um livro didático no qual os professores assistentes de pós-graduação da Universidade de Porto Rico em Mayagüez desenvolverão uma unidade curricular imitando o modelo utilizado em The Pocket Instructor: Literature: 101 Exercises for the College Discussion, de Diana Fuss e William A. Gleeson, incluindo uma reflexão de uma auto etnografia pedagógica da aula. Essas unidades apresentam uma única e simples lição na qual os professores assistentes incorporam um texto não canônico em suas aulas de língua inglesa, visando estimular a discussão e a redação dos estudantes em inglês. Uma seção autorreflexiva, ou uma autoetnografia pedagógica acompanhará a aula e enfatizará nas próprias percepções dos professores assistentes e suas observações sobre a participação de seus alunos durante a aula. Ao criar esse texto suplementar, eu desejo criar um documento compartilhável que os atuais e futuros professores assistentes possam usar como uma fonte de estratégias e técnicas diversas. 

Ricia Anne Chansky 
Colaboração enquanto resistência 
O apagamento das múltiplas e diversas vozes no espaço público não é novidade. Em anos recentes, muitos professores se tornaram mais convencidos sobre o desenvolvimento de estratégias para falar com e não pelo outro. No entanto, o atual e tangível movimento contra as populações vulneráveis e marginalizadas tem me causado uma necessidade de me sintonizar mais com as normas de nossas comunidades acadêmicas que tendem a privilegiar o excepcionalismo de uma voz e um ponto de vista singular sobre perspectivas mais intrincadas e multivocais. Essa apresentação considera a colaboração como um ponto de partida para uma prática de ensino, pesquisa, escrita e publicação que possa ser entendida como um método para engajamento em um ativismo sociopolítico e em uma resistência contra sistemas entrincheirados de exclusividade. Para ilustrar esse tópico, discutirei brevemente sobre alguns projetos colaborativos recentes dos quais eu participei e em como eles me impulsionaram a conceitualizar colaboração como forma de prática de resistência que fala com e não pelos outros. 

Linda Warley 
Libertando as palavras 
Sinto-me afortunada o bastante por ter colaborado com outros pesquisadores ao longo dos vinte anos de minha carreira acadêmica. Todos esses projetos em colaboração, com exceção de dois, foram com mulheres. Todos os trabalhos em colaboração implicavam a escrita – coautoria em artigos para periódicos, introduções em coautoria e coautorias em capítulos de livros – e alguns projetos foram de edição. Mas a edição implica em escrita também, mais particularmente, trabalhar com a escrita produzida por outros. O que eu gostaria de discutir hoje é sobre a ética em lidar com as palavras do outro, assim como a necessidade de libertar nossas próprias palavras em uma relação de coautoria. Há uma prática de cuidado envolvida no que eu acredito ser eminentemente feminista. 

Teresa Lenzi e Cláudia Mariza Mattos Brandão 
Sobre Compartilhar Confiança e Cumplicidade 
A história de nossa relação remonta o ano de 1993, quando nos encontramos na Universidade Federal do Rio Grande (Brasil), no extremo sul do país: uma, jovem e iniciante professora universitária, a outra, uma jovem engenheira retornando à universidade como estudante. Nesse encontro germinal, iniciamos uma parceria com características muito genuínas que se propagaram no tempo, fieis à sua origem: a jovem professora, com formação específica em arte, encontrou na jovem engenheira estudante o apoio que precisava: pragmatismo, disciplina, determinação, persistência e vontade. A jovem engenheira estudante, por sua vez, encontrou o apoio, a cumplicidade e a mesma vontade de voar. Juntas desenvolvemos muitas atividades, e durante três anos trabalhamos no laboratório de Fotografia da referida universidade, uma como professora, a outra como monitora acadêmica, mas quase sempre estruturadas por essa complementaridade. O tempo passou: a estudante converteu-se também em professora universitária e cada uma deu continuidade a seus projetos, sem perderem contato. Seguimos unidas pela confiança identitária e a cumplicidade conceitual: a vontade de trabalhar com arte, com a arte e a educação, e a visão da fotografia como campo, meio e dispositivo para a concretização dos objetivos. A relação foi mantida através do diálogo, da troca de experiências e da colaboração em diferentes atividades. Nesses mais de vinte anos, ainda que por vezes à distancia, publicamos livros, organizamos exposições, debates, palestras, participamos em avaliações de trabalhos de pesquisa de estudantes, colaboramos em projetos de pesquisas e viagens de estudos. Diálogo, respeito e confiança, pode-se dizer, compuseram as bases da metodologia de trabalho que une duas professoras/pesquisadoras/realizadoras. 
SOBRE OS PARTICIPANTES

Ally Day é professora assistente de Disability Studies na Universidade de Toledo. Sua pesquisa trata fundamentalmente na relação entre doenças crônicas, cidadania e narrativas de vida. Publicou artigos no The Journal of Literary and Cultural Disability Studies, The Canadian Journal of Disability Studies, Disability Studies Quarterly, e a/b Journal of Autobiography; ela também assinou um capítulo em Disabling Domesticity (Palgrave January 2017). Atualmente, está em trabalho de conclusão de um livro, Stigmatizing Narrative: Medicine, Memoir, Citizenship and Self in the Age of HIV (Estigmatizando a Narrativa: Medicina, Memória, Cidadania e Sujeito na Era do HIV). Desde o segundo semestre de 2015, vem atuando como coeditora do Disability Studies Quarterly.  

Diana Meredith é uma artista independente, escritora e pensadora em crítica. O corpo ocupa o núcleo de sua prática. Enquanto uma pessoa vivendo com câncer, interessa-se nos desafios das narrativas dominantes da medicina e da indústria farmacêutica sobre essa experiência. Seu trabalho consequência de uma segunda onda de ideias feministas sobre personificação e humanidades médicas. Em 2013, recebeu seu título de mestre pela OCADU por sua dissertação/exposição intitulada A Idade Escrita no Corpo, uma investigação acerca da experiência da meia idade. Até ser diagnosticada com câncer, em 2015, lecionou arte digital no Humber College. Ela mora e trabalha em Toronto. www.dianameredith.com Laura García de la Noceda Vazquez está em seu segundo ano de mestrado na Universidade de Porto Rico, em Mayagüez’s, no programa de Mestrado em Arte na Educação (MAEE). Atualmente trabalha como professor assistente de pós-graduação (GTA) no curso de Inglês Intermediário do Departamento de Inglês, onde também atua como instrutora de registro. É também a atual Representante de Pós-Graduação para o Departamento de Inglês. Seu interesse durante os estudos de pós-graduação se concentra em como a utilização de uma pedagogia alternativa e textos alternativos na sala de aula auxiliam como estímulo de leitura em sala de aula. 

Ricia Anne Chansky é Professora Adjunta de literatura na Universidade de Porto Rico em Mayagüez. É um Especialista Fulbright em Estudos Americanos; coeditora do periódico a/b: Auto/Biography Studies, e da série The Routledge Auto/Biography Studies Reader; e, também, editora dos livros Auto/Biography across the Americas: Transnational Themes in Life Writing e Auto/Biography in the Americas: Relational Lives. Seus próximos projetos se concentram em temas como identidades nacionais contestadas, retóricas visuais feministas, autoetnografias pedagógicas e escritoras caribenhas. Linda Warley é Professora Adjunta no Departamento de Língua e Literatura Inglesa da Universidade de Waterloo. Ela é coeditora em três volumes: com 

Candida Rifkind, Canadian Graphic: Picturing Life Narratives (WLUP 2016); com Marlene Kadar e Jeanne Perreault, Photographs, Histories, and Meanings (Palgrave Macmillan 2009) e com Marlene Kadar, Jeanne Perreault e Susanna Egan Tracing the Autobiographical (WLUP 2005). Seu trabalho mais recente é um capítulo em coautoria com Eva C. Karpinski: “Entangled Memories of Expulsion and Resettlement in post-1945 Germany and Poland: Dialogue in Two Voices”.

Teresa Lenzi é realizadora, pensadora e professora na Universidade Federal do Rio Grande/RS/Brasil desde o ano de 1993, ILA / Curso de Artes Visuais – Licenciatura e Bacharelado. Pós-doutorado na Universidade de Barcelona/Facultad de Geografia i história (2013-14), Doutora em História, teoria e crítica da arte contemporânea pelo programa de Arte Contemporánea e Investigación, da Universidade de Castilla La Mancha, UCLM /España (2004-07). Mestre em Artes Visuais pela / UFRGS/ Brasil (1996-97), Especialista em Arte Educação - Habilitação em Artes Plásticas pela / UFPEL /Brasil (1989-90). Graduada em Artes Visuais pela FURG (1984-86). Atua no grupos de investigação INDEVOL/Espanha, Photographein /UFPel/Pelotas. Atua no Curso de Artes Visuais/FUREG, e no PPG-Mestrado Profissional em História/FURG. Participou de diversas exposições nacionais e internacionais.

Cláudia Mariza Mattos Brandão é Professora do Centro de Artes/Artes Visuais – Licenciatura (UFPel, RS, Brasil). Doutora em Educação (UFPel, 2012), Mestre em Educação Ambiental (FURG, 2003), especialista em Artes e Educação Física na Educação Básica (UFRGS, 2008), graduada em Artes Visuais (FURG, 1996). Compõe o grupo docente do PPG - Mestrado Profissional em Artes (CAPES, UDESC, UFPel). É pesquisadora da área da Fotografia e das teorias do Imaginário, com ênfase nas narrativas (auto)biográficas poéticas/simbólicas. É líder do PHOTOGRAPHEIN - Núcleo de Pesquisa em Fotografia e Educação (UFPel/CNPq), pesquisadora do NEMEC - Núcleo de Estudos em Memória e Cultura (UPF/CNPq).
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